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Reflexões & Artigos

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Rio de Janeiro, 23 de Maio de 2020

ANÁLISE DAS PREVISÕES DE IFÁ PARA O ANO DE 2020 - Odù Ìwòrì Òyèkú

Por: Evandro Cesar Ifá Dépò omo Odu Ògúndá'Bede.

Estudando os Ìtàn (histórias) do Odù Ìwòrì Òyèkú (Tójálè), trazemos para os dias de hoje as profecias de Ifá. Já caminhamos bem neste ano! Estamos no final do mês de maio e podemos ver que, como sempre, Ifá foi certeiro em suas previsões.

 

Pegando o que diz Ifá no refrão do Odù Ìwòrì Òyèkú: “Boca fechada não entra mosca”, conselho que já ouvíamos de nossos pais e avós, desde a infância, sinalizando que devíamos ter cuidado com o que falamos, pois uma vez pronunciadas as palavras, é impossível reverter o dano causado. No caso do nosso presidente, podemos dizer que é exatamente o que acontece, a cada fala que é dita, o estrago é devastador.

 

Analisando de cima para baixo, tendo como ponto de partida o nosso presidente, vemos não um estadista, mas um chefe de estado - sem carisma algum e muitas vezes arrogante - levar o Brasil para o cenário mundial de forma desastrosa. Nosso país é visto de fora como uma nação cujo governo não transmite credibilidade, sendo muitas das vezes ridicularizado como podemos constatar quando observamos a postura do mesmo no combate da Covid-19.

 

A Organização Mundial de Saúde prega o isolamento social e a adequação da população a uma vida diferenciada da que vivíamos, prega o cuidado com o outro e com nós mesmos, mas no caso do Brasil, o presidente e boa parte da população ignoram as orientações da OMS e simplesmente tratam esse momento como o “desobediente”, que passando por um momento difícil consulta Ifá, que lhe aconselha a fazer um ẹbọ onde não deveria prestar favor a ninguém no seu caminho até deixar o sacrifício no local indicado, porém, o personagem, ao ver Èṣù disfarçado no caminho, desobedece o conselho de Òrúnmìlà parando sua caminhada para atender o pedido de socorro. Da mesma forma age o presidente e muitos brasileiros, que de forma irresponsável desrespeitam as orientações. No Ìtàn, o personagem, ao ajudar Èṣù, perde seu ẹbọ e sua perna em um acidente. Comparando a história com a situação do Brasil, a desobediência é a responsável pelo crescimento do número de casos e o país bate recorde atrás de recorde no aumento da contaminação e de vidas perdidas.

 

A saúde no Brasil já é uma questão complicada que nos anos de eleição sempre aparece como um assunto prioritário, todavia, após a eleição, nada muda. Nosso sistema de saúde, que não é bom e não tem capacidade para atender a todos já se encontra em colapso. Nesse momento, o isolamento social se torna crucial e imprescindível. Como foi dito acima, não temos um estadista que olhe para a população com empatia, temos uma chefe de estado que está longe de ter uma visão solidária.

 

Desde o início da pandemia, temos de um lado, o nosso presidente passando para todos que estamos enfrentando apenas uma “gripezinha” e do outro uma ciência que nos informa e mostra a gravidade da Covid-19. Pragmatismo do presidente que se opõe a necessidade de sobrevivência de grande parte da população brasileira. Com essa desunião e falta de consenso, estamos cada vez mais entregues à própria sorte e pedindo aos Deuses que nos protejam.

 

O Ministro Luiz Henrique Mandetta foi até onde pode - lembrando aqui que era um técnico seguindo a orientação da OMS - e foi exonerado por não acatar as orientações superiores que estavam totalmente na contramão da conduta de preservação da vida tomada por todos os outros países. Em seguida tivemos um Ministro que pediu demissão pelo mesmo motivo, em menos de um mês. Seguindo um Ministério tão importante nesse momento, com sucessivas trocas, como um barco à deriva.

 

Assim como no Ministério da Saúde, observamos o caos instalado também em quase a totalidade dos Ministérios. Na política, ninguém se entende, e o presidente talvez seja o mais perdido de todos. Os governadores, por sua vez, mesmo lutando para a proteção da população com o isolamento e o funcionamento apenas de atividades básicas, possivelmente já olham para o momento como uma oportunidade futura que está logo ali, no ano de 2022: as eleições.

 

A economia vive um momento de incerteza, sensível a qualquer movimentação no mundo. Temos um cenário onde é sabido que precisamos voltar às atividades, mas a necessidade de salvar vidas nesse momento se torna prioritária. O desemprego aumenta, os pequenos empresários não enxergam luz no fim do túnel e buscam formas criativas para diminuir o estrago. A moeda mais utilizada no mundo, o dólar, sobe dia após dia. O desemprego cresce e a tendência é chegar a níveis assustadores. Não só o Brasil, mas o Mundo está estático.

 

O Ministério da Justiça e Segurança Pública talvez seja o calcanhar de Aquiles do nosso presidente. Não que os outros não o sejam. O ex-ministro Sérgio Moro, que ao perceber que sua vontade não estava sendo respeitada e que estava sofrendo pressão para agir de forma não condizente com suas convicções, pediu demissão e saiu atirando para todo lado. É possível que este seja o maior obstáculo para o presidente. O Odù Òsé’túrá (Adèlékàn/Lokuta Leke), nos brinda com o Ìtàn que explica: “Aquele que muito fala, pode perder tudo”. Foi a oportunidade que o ex-ministro teve para abandonar o barco, e assim deixou o governo em uma situação bem delicada. Mesmo sobrando para ele alguns estilhaços, parece ter percebido que chegara o momento para retirar-se do governo, antes que sua imagem ficasse mais arranhada. Ao olharmos para o nosso país percebemos que a situação piora a cada dia. Chantagem, traição, incompetência, falta de sabedoria, prepotência e arrogância tomam conta do cenário nacional.

 

Òrúnmìlà nos deu Ogunda Massa (Adèléji/Tomala Belanṣe), que nos definiu a profecia Ofo Laitosu intorina ofo elenu (perda de tudo através de palavras mal colocadas) em osogbo. Esse Odù nos conta a história de Ògún e Ò̩ṣó̩ọ̀si, que passando dificuldades, entenderam que juntos podiam mais. Nesse Odù temos o refrão: “Na união está a força”, exatamente o que não vemos na política brasileira de forma geral. O presidente não se entende com os ministros. Da mesma forma não há um consenso entre os governos federal, estadual e municipal, ou seja, a profecia em osogbo nos aponta justamente a desunião vivida hoje na política do nosso país, que poderá nos levar a consequências trágicas.

 

Em Otura Niko, Òrúnmìlà nos brinda com o refrão: “A beleza mais refinada de um ser humano é sua inteligência”.

 

Sejamos inteligente e sigamos o conselho de Ifá

 

Que gbogbo Òrìṣà ajudem e protejam a todos nós. Vamos precisar!

 

Evandro Cesar Ifá Dépò omo Odu Ògúndá'Bede.

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